sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sábado 25 de Julho 2009 - 3ª parte







A Miri pegou no volante para a Beta descansar. Não sentimos tanto o calor lá fora porque a maravilhosa Zeferina tem ar condicionado. Vamos todas girando de lugar para evitar desconfortos prolongados. Passamos por Montpellier, Toulouse. Mais uma paragem para xixi, café, esticanço. A Beta vai chamar o Roberto. Quem é esse? Conheço o Gregório, mas Roberto? Deve ser de tanto chamar por ele, as meninas estoiram de risos. As inconfundíveis e bem dispostas garalhadas de beta!. Afinal foi a AnaS que não gostou dos WC pouco convencionais, reduzidos a um buraco no chão, por onde saltam sapos.



Eu estou a limpar mais uma nódoa.

- Cada vez que olho para a Si. , está a limpar uma nódoa.- diz a observadora AnaS. Gargalhadas

- É que esta roupa tem de durar dez dias.

- Mas afinal o que tu trazes na mala?

- Praticamente a mala…- Não me desmancho - Estas manchas são muito importantes, são o nosso roteiro de paragens. Aponto para a nódoa mais recente: “Você está aqui!”

Sou sempre a mesma trapalhona…
São inúmeras as sinalizações de castelos e de monumentos turísticos. Quem me dera um dia poder percorrer com mais calma estes lugares. Também passamos perto de Marselha, mas não deu para parar. Outro sítio que tive pena em não conhecer foi S. Jean de Luz. Dizem que é muito bonito.Mais uma paragem. .Não esquecemos a nossa amiga invisível, a gripe A. Nunca antes na história humana, tantos cotovelos antebraços, joelhos e pés abriram tantas portas e puxaram autoclismos. O calor do dia intensifica o cheiro dos suores. Resolvo refrescar-me com um toalhete perfumado….muito perfumado. Ponho a Zeferina e o pessoal a tresandar a perfume! Reboliço. Quase que sou atirada pela janela. Viajar, calor, perfume não combinam, eu sei. Penitência, penitência. É noite cerrada quando sou designada como co-pilota. De óculos postos tento apurar no roteiro Michelin a próxima direcção a seguir, a próxima auto-estrada, os quilómetros que faltam para o próximo radar, seguro a Ritinha noutra mão, enfio o que sobra do nariz num mapa de estradas, mas a verdade é que não pesco nada, nem sei onde estamos, estava a dormir tão bem, tenham calma, tenham calma. Isto requer uma segunda análise, talvez não pareça mal uma terceira…Parece que estou a estudar um assunto de máxima importância.



- Então Sí Tom-Tom, qual é a direcção a seguir?
- Ora bem….- digo num tom de um cientista que fez a última descoberta - …..sempre em frente!
- Sim, senhor, Si. Tom-Tom que grande co-pilota!

Ana S. está ao telemóvel:

- Ãããããããã ? – solta ela pela décima quinta vez.
Brincamos com ela e retomámos em coro:
- Ããããããããã?
Achamos graça porque ela é natural de Lisboa e viveu lá muitos anos mas tem os trejeitos todos do Norte.
A A., familiar de Cris, já está à nossa espera num parque de estaciomento,é uma da manhã, as pálpebras pesam toneladas mas temos que nos manter acordadas, pois há que dar apoio à Beta. A Cris também está com os olhos bem abertos, mas parece que nunca mais chegámos.Na rádio Nostalgie, passa uma canção que poderia ser de um Charles Trenet que é uma paródia à gripe suína. O refrão, solto em tom estridente é hilariante: Tammmmiiiiiiiiiifluuuuuuuuuuuuu! Vai ser nosso grito de guerra durante as nossas férias.Finalmente, chegámos ao destino. Reencontro emocionante entre Cris e A. Apercebemo-nos que aqui é um cantinho do céu quando vemos vários coelhos a atravessarem a estrada.



Embrenhámo-nos por caminhos de aldeia e depois por um denso arvoredo. Só faltou a matilha de lobos a uivar de fome. Portinhas trancadas, Zefa. São duas da manhã, estamos em Thain de l’Hermitage, ou seja em parte incerta para nós…. Duas carreiras de gigantes árvores perfiladas fazem as honras da casa. Finalmente, um enorme edifício de pedra, circundado por várias outras casas. Estamos diante de um castelo, ou talvez seja mais correcto chamar-lhe Manoir , uma imponente casa senhorial, e a propriedade está exclusivamente por nossa conta, pois os proprietários, um casal de escritores de renome não estão cá, mas temos ordem para usufruir do sítio.Somos alegremente recebidos pela cadela dos escritores: Willube. A Beta imediatamente a rebaptiza:

-Bonsoir ma belle, bonsoir I wanna be a dog, ça va?
Quase que em uníssono erguemos as nossas cabeças e ficámos rendidas com o céu profusamente estrelado. Milhões de grãos de areia cintilantes brilham por cima das nossas cabeças.

- Amanhã, pequeno almoço na piscina parece-vos bem? – pergunta a nossa anfitriã.

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