sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sábado 25 de Julho - 2ª parte

Não, não é a zeferina! Apenas um companheiro de estrada!


Cris recebe uma mensagem.

- Atenção meninas devem adiar o relógio duas horas, uma pelo fuso horário e outra pela hora de Verão.

Estamos meias ensonadas mas aquilo de duas horas soa estranho. Após algum tempo de reflexão:
- Mas Cris. a hora de Verão já foi, foi em Junho. O Verão já começou há um mês – digo .

- Não, não! É o que diz o meu telemóvel, actualizar a hora de Verão. São mais duas horas.

- Olha que a hora só muda em Outubro – diz Miri

- Não! Não, Em Espanha, são mais duas horas. É o que diz aqui.

O tom é tão convincente que adio o ponteiro do relógio, e digo de mim para mim que é a primeira vez que faço isso. Realmente em que mundo estranho nós vivemos! AnaS. manda dizer ao pessoal de Portugal que devem todos adiar uma hora, por causa da hora de Verão. O pessoal de Portugal manda dizer que o sol de Espanha deve ser forte porque já nos está a afectar o cérebro. Qual hora de Verão.!Que broada Cris.!

- Riam, riam, que quero ver as vossas calinadas!

A viagem prossegue suavemente. A condução de Beta é um espectáculo.Passa a ser um jogo descobrir os radares. Onde está o Wally? É engraçado como imagens decalcam-se a outras, idênticas, de memórias mais remotas. A Beta relembra que precisamente aqui em Brújula (não, não significará bruxa, mas penso que é mais bússola) apanhou uma multa por um leve excesso de velocidade e piso da linha contínua (eu não digo que para viajar com a Beta, recomenda-se um seguro de vida?) É que os espanhóis não perdoam uma! Escoltaram-na até à próxima caixa multibanco. Eu, dei um salto maior no tempo. A última vez que fiz esta viagem, era uma catraia, as estradas eram mais fracas e a viagem durava cerca de vinte e quatro horas. O meu pai fazia-nos ouvir canções tipicamente portuguesas e muito pedagógicas que rodavam e rodavam nos ouvidos infinitamente. Parece que ainda estou a ouvir “Buuuuuurrrrrrito como tuuuuuu, eu sei mais que tu, !” ou “A música do emigrante”, naquela voz feminina plangente que fazia do emigrante um desgraçado mártir marcado pelo sofrimento. Era uma tortura e só me alegrava quando a cassete pifava de tanto girar. Agarrava na fita castanha que deixava esvoaçar lá fora e ficava horas a vê-la graciosamente bailar nos seus tentáculos revoltos.


É hora de encontrar poiso para almoçar. Seguimos a placa que nos indica “Área de descanso” e que, após um emaranhado de rotundas e pontes chegámos a um enorme depósito vazio e a uma área descansada demais. Nem sequer viva alma, com um silêncio muito estranho e ainda por cima sem um milímetro de sombra. Cheira a encurraladas, cheira a esconderijo dos Daltons ou da Eta, sei lá, foge Zeferina, foge Zefa!! Uns passitos mais à frente encontramos um recanto bem bonito. Como um pêssego, engravido de cinco meses instantaneamente, fico sempre assim nas viagens, a Bete também anda à cata de uma garrafa de água com gás. Limpo uma nódoa nas calças. Passámos pelos Touros negros, um levou uma trolitada, alguma avioneta distraída?Estamos nos países bascos espanhóis e depois franceses, ohhhhl lá lá e, recuperamos o verde do nosso Minho, as nossas serras, que lindos são os Pirinéus! Começamos a entrar em direcção ao sudoeste francês. Vamos pernoitar em Valence. A A., que é famíliar da C. é restauradora de antiguidades e trabalha em França há dois anos e….trabalha num….castelo. É isso mesmo, esta noite, vamos dormir num castelo!

Si.

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