sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Girassol pródigo


Inicialmente, como não achar graça a esta cópia aproximada do nosso Alentejo, estas estradas eternamente rectilíneas, sacudidas pachorrentemente em bossas de camelo, ladeadas por pleonasmos de campos de fenos, meticulosamente escalpados em moitas lantejouladas. Esta aridez que se arrasta, teimosamente intervalada por pueblos fantasmas, dignos de um faroeste bem ao jeito de um Gary Cooper, desidrata-nos a pele, o sorriso de apreço, desidrata-nos a vontade de ficar acordadas. Parecemos presas numa maldita ilusão de óptica. E daí, surgem os mares infinitos de girassóis, essas colmeias amarelas que veneram do olhar o sol reprodutor. As mantas tecem-se de um padrão simétrico e perfeito, de pequenos sóis que preferiram a Terra para viver. o nosso olhar fixa-se num pequeno girassol, isolado, no outro lado da estrada, teimosamente de costas viradas. E o sol não o ama menos por causa disso, e se um dia decidir atravessar a estrada novamente, vai abracá-lo fortemente com os seus raios solares. E se nunca chegar a fazê-lo, vai amá-lo na mesma, mesmo sem nunca lhe ter visto o rosto ...
Si.

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