Apanhámos o metro. Nas escadas rolantes, rapidamente nos habituamos a encostar à direita, para deixar de vago uma fila de ultrapassagem, para os mais apressados. Uma cena nos imobilizou: um senhor muito idoso subia umas escadas penosamente e, para tal, agarrava-se ao corrimão. Circulava pela direita. Tudo muito bem, mas a meio das escadas, foi obrigado a parar porque uma senhora, igualmente muita idosa descia e para evitar cair, agarrava-se ao corrimão. Estavam os dois teimosamente agarrados ao corrimão e nenhum deles queria ceder a vez:
- Deixe-me passar senhor, por favor. - pedia a senhora.
- Não, não deixo, estou do lado correcto, a senhora é que devia circular pela sua direita.
- Mas, por favor, deixe-me passar, posso cair. - repetia ela.
- Não deixo. Saia daí!
E andavam neste deixe-me, não deixo. Íamos intervir, quando outra senhora, igualmente atenta, pegou no braço da senhora e a amparou, rematando:
- As leis de moral e de cavalheirismo deviam valer mais do que as leis de circulação rodoviária. Não é assim que se trata uma senhora, senhor!
Ah! Voilà la Grande Dame!!!!!!!
Um segurança , curioso, pergunta-nos sobre quem nós somos, é que já viu milhares de crachazinhos a passear por aqui.
Mais uma vez os planos de alternativa.... três de nós optam por subir a Torre Eiffel pelas escadas, outro grupinho menor opta por subir de elevador.
Nas filas de espera, mais encontros.... Os nossos Dumbos voam de mão em mão e vão ser espalhados pelos quatro cantos do mundo. Alguns olham para nós e tentam adivinhar a nossa careta na fotografia.
O elevador é transparente, o que nos deixa um pouco sem ar. A vista é assombrosa. É tão bom ter asas e subir até ao sétimo céu. Sinto a adrenalina. O melhor momento, para mim, sem dúvida.
Acho pena haver demasiada gente. Muito barulho, horas de filas, impaciência, irritabilidade.
No segundo andar, temos de mudar de elevador. No 3ª andar, a vista simplesmente corta o fôlego. A capital, na sua geometria simétrica e organizada. Dominam o verde, o branco, o azul intenso do céu. Há uma garrafa de champagne que espera por nós, pois chegamos ao topo. Continua a nossa espera, pois 10 euros custam a dar!
Descemos e esperamos pelas corajosas. A N. simplesmente não atende o telemóvel.
Entretanto conhecemos irmãos brasileiros. Vira-se a irmã:
- Ah, eu já vos conheço. Estão aqui, querem ver? - abana o nosso dumbinho. Que sucesso!
A Beta empresta o seu telemóvel a uma irmã francesa que ficou sem saldo. Quer avisar o seu papa que os irmãos polacos que estão a hospedar chegarão mais tarde.
Digo a brincar para a Beta:
- Guarda o contacto, pois se a N. nos mandar para a rua, sempre podemos ligar ao papá da irmã francesa.
- Oui, papá, est-ce qu'on peut dormir chez toi ce soir?
Ficou combinado chegarmos cedo a casa, mas por mais que tentemos, chegamos cada vez mais tarde, até temos de apanhar um autocarro alternativo.
Hoje à noite vamos a um restaurante bem no centro de Versailles, vamos comer des crêpes bretonnes. Sup!!!